Antes de tornar-se audível, o som da narrativa percorre a intimidade dos pensamentos e emoções do narrador.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Curso de Contação de Histórias: “AFRICANIDADES”
A África, berço da humanidade, é o 2º continente mais populoso do mundo e
o 3º em extensão territorial. Podemos dizer que não há uma África, mas
várias Áfricas, pois é tão diversificada a sua paisagem física quanto
humana, já que possui mais de 800 etnias em seu vasto território. Nesta
oficina proponho explorarmos a riqueza deste continente nos encantando
com sua gente, seus costumes, seus bichos, suas florestas, frondosos
baob...ás, montanhas, rios, desertos e principalmente com suas histórias maravilhosas!
“_ Diga Vovô Dembo, me diga qual é a cor da África?
_ A África, meu pequeno Chaka?
_ A África é preta como a minha pele,
é vermelha como a terra,
é branca como a luz do meio-dia,
é azul como a sombra da noite,
é amarela como o grande rio,
é verde como a folha da palmeira.
_ A África, meu pequeno Chaka,
tem todas as cores da vida! ”
(texto de Marie Sellier)
Programa:
- Reflexões sob o imenso baobá – “a árvore sagrada”;
- Poemas africanos de expressão portuguesa;
- Contação de Histórias;
- Palavras e mais palavras;
- Acalantos e outras canções;
- Fazendo Arte: desenhando, pintando, rasgando, moldando, tecendo e costurando africanidades;
Público alvo:
Educadores, animadores culturais, coordenadores pedagógicos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e demais interessados;
Materiais necessários:
Papéis coloridos, retalhos coloridos de tecido, lã, linha, agulha, lápis, canetinhas, tesoura e cola;
Data e duração:
Total de 6 horas: sábado, dia 24 de julho, das 8:00 às 14:00h;
Investimento: R$ 50,00
Local:
Rua Oliveira Alves, 148 – Ipiranga – Tel: 9222-8022
Inscrições e pagamento: Enviar confirmação pelo e’mail. Telefonar para agendar o pagamento através de depósito bancário.
Palestrante:
Maria Cecília Martin Ferri – Graduada em Fonoaudiologia pela PUC-SP; Pós-graduada em Terapia Ramain pelo IAL- Instituto ASRI-Labyrinthe e Universidade Metodista; Atua como Fonoaudióloga Clínica / Educacional e Supervisora Cultural da FUNSAI - Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga; Responsável pelas Oficinas de Linguagem da ENSG – Escola Nossa Senhora das Graças; Contadora de Histórias; Professora do SIEEESP – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo; Palestrante da UMAPAZ – Universidade do Meio Ambiente e Cultura de Paz.
“_ Diga Vovô Dembo, me diga qual é a cor da África?
_ A África, meu pequeno Chaka?
_ A África é preta como a minha pele,
é vermelha como a terra,
é branca como a luz do meio-dia,
é azul como a sombra da noite,
é amarela como o grande rio,
é verde como a folha da palmeira.
_ A África, meu pequeno Chaka,
tem todas as cores da vida! ”
(texto de Marie Sellier)
Programa:
- Reflexões sob o imenso baobá – “a árvore sagrada”;
- Poemas africanos de expressão portuguesa;
- Contação de Histórias;
- Palavras e mais palavras;
- Acalantos e outras canções;
- Fazendo Arte: desenhando, pintando, rasgando, moldando, tecendo e costurando africanidades;
Público alvo:
Educadores, animadores culturais, coordenadores pedagógicos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e demais interessados;
Materiais necessários:
Papéis coloridos, retalhos coloridos de tecido, lã, linha, agulha, lápis, canetinhas, tesoura e cola;
Data e duração:
Total de 6 horas: sábado, dia 24 de julho, das 8:00 às 14:00h;
Investimento: R$ 50,00
Local:
Rua Oliveira Alves, 148 – Ipiranga – Tel: 9222-8022
Inscrições e pagamento: Enviar confirmação pelo e’mail. Telefonar para agendar o pagamento através de depósito bancário.
Palestrante:
Maria Cecília Martin Ferri – Graduada em Fonoaudiologia pela PUC-SP; Pós-graduada em Terapia Ramain pelo IAL- Instituto ASRI-Labyrinthe e Universidade Metodista; Atua como Fonoaudióloga Clínica / Educacional e Supervisora Cultural da FUNSAI - Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga; Responsável pelas Oficinas de Linguagem da ENSG – Escola Nossa Senhora das Graças; Contadora de Histórias; Professora do SIEEESP – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo; Palestrante da UMAPAZ – Universidade do Meio Ambiente e Cultura de Paz.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
AGENDA
OI PARA TODOS! GOSTARIA DE USAR O NOSSO ESPAÇO PARA DIVULGAR AS ATIVIDADES DE CADA UM.
POR AGORA, QUERO CONTAR QUE A NOSSA LINDA LUANA MARGARIDA ESTARÁ NA LIVRARIA COMPANHIA ILIMITADA CONTANDO ESTÓRIAS BRASILEIRÍSSIMAS. AMANHÃ ÀS 15HS.PENA EU NÃO ESTAR EM SAMPA AMANHÃ... PRÁ QUEM PUDER! BEIJOABRAÇOFORTE LEILA
R. Florinéia, 38(trav. Av. Nova Cantareira, alt. nº 683)
2950-4683 / 2978-4564
www.companhiailimitada.com.br
POR AGORA, QUERO CONTAR QUE A NOSSA LINDA LUANA MARGARIDA ESTARÁ NA LIVRARIA COMPANHIA ILIMITADA CONTANDO ESTÓRIAS BRASILEIRÍSSIMAS. AMANHÃ ÀS 15HS.PENA EU NÃO ESTAR EM SAMPA AMANHÃ... PRÁ QUEM PUDER! BEIJOABRAÇOFORTE LEILA
R. Florinéia, 38(trav. Av. Nova Cantareira, alt. nº 683)
2950-4683 / 2978-4564
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domingo, 11 de julho de 2010
AFRICANOS QUE ADORO
APRENDI MUITO SOBRE NARRAR, ENCANTAR, SILENCIAR COM OS AFRICANOS. TIVE OPORTUNIDADES RARAS E PRECIOSAS DE VÊ- LOS EM AÇÃO! E OBSERVAR COM FERVOR É UM EXCELENTE MÉTODO DE APRENDIZAGEM. EU ACHO QUE PARECE COM "ABSORVER".TEM UMA ESCOLA DE MÚSICA EM MINAS CHAMADA PINDUCA, QUE É O APELIDO DO MILTON NASCIMENTO. LÁ ELES REVALORIZARAM E ESTÃO UTILIZANDO ESSE MÉTODO: DE APRENDER OBSERVANDO. JÁ NOTARAM O TRABALHO ENORME QUE É OBSERVAR?BOM , QUERO COMPARTILHAR COM VOCÊS UM AFRICANO QUE EU ADORO E QUE VEM DE UAM TERRA DE GRANDES NARRADORES E GRANDES NARRATIVAS: O MALI. ESPERO QUE GOSTEM! BEIJOABRAÇOFORTE LEILA
http://www.youtube.com/watch?v=v_ssIKitmec
http://www.youtube.com/watch?v=v_ssIKitmec
quarta-feira, 7 de julho de 2010
OPS! TÉ QUE ENFIM CONSEGUI POSTAR! A VELA BRUXA APRENDE!
AMO ESSA MÚSICA DO ARNALDO ANTUNES, E ACHO QUE NÃO EXISTE ESTÓRIA SEM SILÊNCIO.
PRIMEIRO , O SILÊNCIO DO NARRADOR. E DEPOIS O SILÊNCIO DO OUVINTE.
NUM MUNDO SEM SILÊNCIO E MUITO BARULHO, NARRAR COM CERTEZA É TERAPEUTICO!
AQUELA TERAPIA PROFUNDA, TRANSFORMADORA...
TERMINO COM OUTRO GRANDE:
"TUDO O QUE MUDA A VIDA
VEM QUIETO, NO ESCURO
SEM PREPAROS DE AVISAR."
GUIMARÃES ROSA
BEIJOABRAÇOFORTE LEILA
AMO ESSA MÚSICA DO ARNALDO ANTUNES, E ACHO QUE NÃO EXISTE ESTÓRIA SEM SILÊNCIO.
PRIMEIRO , O SILÊNCIO DO NARRADOR. E DEPOIS O SILÊNCIO DO OUVINTE.
NUM MUNDO SEM SILÊNCIO E MUITO BARULHO, NARRAR COM CERTEZA É TERAPEUTICO!
AQUELA TERAPIA PROFUNDA, TRANSFORMADORA...
TERMINO COM OUTRO GRANDE:
"TUDO O QUE MUDA A VIDA
VEM QUIETO, NO ESCURO
SEM PREPAROS DE AVISAR."
GUIMARÃES ROSA
BEIJOABRAÇOFORTE LEILA
O SILÊNCIO
ANTES DE EXISTIR COMPUTADOR EXISTIA TEVÊ
ANTES DE EXISTIR TEVÊ EXISTIA LUZ ELÉTRICA
ANTES DE EXISTIR LUZ ELÉTRICA EXISTIA BICICLETA
ANTES DE EXISTIR BICICLETA EXISTIA ENCICLOPÉDIA
ANTES DE EXISTIR ENCICLOPÉDIA EXISTIA ALFABETO
ANTES DE EXISTIR ALFABETO EXISTIA A VOZ
ANTES DE EXISTIR A VOZ EXISTIA O SILÊNCIO
O SILÊNCIO
FOI A PRIMEIRA COISA QUE EXISTIU
UM SILÊNCIO QUE NINGUÉM OUVIU
ASTRO PELO CÉU EM MOVIMENTO
E O SOM DO GELO DERRETENDO
O BARULHO DO CABELO EM CRESCIMENTO
E A MÚSICA DO VENTO
E A MATÉRIA EM DECOMPOSIÇÃO
A BARRIGA DIGERINDO O PÃO
EXPLOSÃO DE SEMENTE SOB O CHÃO
DIAMANTE NASCENDO DO CARVÃO
HOMEM PEDRA PLANTA BICHO FLOR
LUZ ELÉTRICA TEVÊ COMPUTADOR
BATEDEIRA, LIQUIDIFICADOR
VAMOS OUVIR ESSE SILÊNCIO MEU AMOR
AMPLIFICADO NO AMPLIFICADOR
DO ESTETOSCÓPIO DO DOUTOR
NO LADO ESQUERDO DO PEITO, ESSE TAMBOR
ANTES DE EXISTIR COMPUTADOR EXISTIA TEVÊ
ANTES DE EXISTIR TEVÊ EXISTIA LUZ ELÉTRICA
ANTES DE EXISTIR LUZ ELÉTRICA EXISTIA BICICLETA
ANTES DE EXISTIR BICICLETA EXISTIA ENCICLOPÉDIA
ANTES DE EXISTIR ENCICLOPÉDIA EXISTIA ALFABETO
ANTES DE EXISTIR ALFABETO EXISTIA A VOZ
ANTES DE EXISTIR A VOZ EXISTIA O SILÊNCIO
O SILÊNCIO
FOI A PRIMEIRA COISA QUE EXISTIU
UM SILÊNCIO QUE NINGUÉM OUVIU
ASTRO PELO CÉU EM MOVIMENTO
E O SOM DO GELO DERRETENDO
O BARULHO DO CABELO EM CRESCIMENTO
E A MÚSICA DO VENTO
E A MATÉRIA EM DECOMPOSIÇÃO
A BARRIGA DIGERINDO O PÃO
EXPLOSÃO DE SEMENTE SOB O CHÃO
DIAMANTE NASCENDO DO CARVÃO
HOMEM PEDRA PLANTA BICHO FLOR
LUZ ELÉTRICA TEVÊ COMPUTADOR
BATEDEIRA, LIQUIDIFICADOR
VAMOS OUVIR ESSE SILÊNCIO MEU AMOR
AMPLIFICADO NO AMPLIFICADOR
DO ESTETOSCÓPIO DO DOUTOR
NO LADO ESQUERDO DO PEITO, ESSE TAMBOR
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Histórias para aproximar
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
ERA UMA VEZ
Era uma vez uma cachorrinha
muito alegre e assanhadinha.
Era uma vez um tal Marcelo
que se achava muito belo.
Era uma vez um tal João
que comia sorvete com feijão.
Era uma vez um cachorrão,
enjoado, latidor e folgadão.
Era uma vez um palhaço,
que só levava tombaço.
Era uma vez um sacristão,
que tocava sino com o dedão.
Era uma vez uma professora,
que teimava em ser cantora.
Era uma vez um safado prefeito,
que dizia: Não tenho defeito!
Era uma vez um meu colega,
que levou uma boa esfrega.
Era uma vez um músico italiano,
que, com pé, tocava o seu piano.
Era uma vez um aloprado cientista,
que passava xixi na vista.
Era uma vez um feioso estudante,
que se dizia muito belo e elegante.
Era uma vez uma desajeitada menina,
que misturava perfume com gasolina.
Era uma vez o famoso Chico Peão,
que contou vantagem e foi pro chão.
Era uma vez uma tal dona Inês,
que tinha cão listrado e gato xadrez.
E eu quero saber agora
o resto destas histórias.
Conte de uma só vez,
quando chegar a sua vez.
Autor: Elias José
muito alegre e assanhadinha.
Era uma vez um tal Marcelo
que se achava muito belo.
Era uma vez um tal João
que comia sorvete com feijão.
Era uma vez um cachorrão,
enjoado, latidor e folgadão.
Era uma vez um palhaço,
que só levava tombaço.
Era uma vez um sacristão,
que tocava sino com o dedão.
Era uma vez uma professora,
que teimava em ser cantora.
Era uma vez um safado prefeito,
que dizia: Não tenho defeito!
Era uma vez um meu colega,
que levou uma boa esfrega.
Era uma vez um músico italiano,
que, com pé, tocava o seu piano.
Era uma vez um aloprado cientista,
que passava xixi na vista.
Era uma vez um feioso estudante,
que se dizia muito belo e elegante.
Era uma vez uma desajeitada menina,
que misturava perfume com gasolina.
Era uma vez o famoso Chico Peão,
que contou vantagem e foi pro chão.
Era uma vez uma tal dona Inês,
que tinha cão listrado e gato xadrez.
E eu quero saber agora
o resto destas histórias.
Conte de uma só vez,
quando chegar a sua vez.
Autor: Elias José
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Porque o Barba Azul é um grande conto da tradição
Conheci o conto O Barba Azul,
reproduzido no post anterior, em um curso sobre autoconhecimento em que estudei há um tempo atrás.
Eu fiquei tentado a adapta-lo para contar na apresentação final do curso Narrativas & Narradores.
Entretanto, depois de ler o texto abaixo, um exerto do livro Mulheres que correm com os lobos, tive mesmo de mudar de idéia.
Em primeiro lugar, o conto precisaria ser condensado em uma página, por questões de tempo.
Tarefa impossível! Como podemos ver no texto, cada passagem, cada elemento da história tem sua função, seu simbolismo e sua chave iniciática e psicológica - não podendo ser subtraído sob pena de se perder a força transformadora do conto.
O Barba Azul
- Irmã, irmã, traga sua chave - gritou uma delas - Sem dúvida é essa a porta para aquela chavinha misteriosa.Sem pestanejar, uma das irmãs pôs a chave na fechadura e a girou. O trinco rangeu, a porta abriu-se, mas lá dentro estava tão escuro que nada se via.- Irmã, irmã, traga uma vela. - Uma vela foi acesa e mantida no alto um pouco mais para dentro do aposento, e as três mulheres gritaram ao mesmo tempo, porque no quarto havia uma enorme poça de sangue; ossos humanos enegrecidos estavam jogados por toda parte e crânios estavam empilhados nos cantos como pirâmides de maçãs.Elas fecharam a porta com violência, arrancaram a chave da fechadura e se apoiaram umas nas outras arquejantes, com o peito arfando. Meu Deus! Meu Deus!A esposa olhou para a chave e viu que ela estava manchada de sangue. Horrorizada, usou a saia para limpá-la, mas o sangue prevaleceu.- Oh, não! - exclamou. Cada uma das irmãs apanhou a chave minúscula nas mãos e tentou fazer com que voltasse ao que era antes, mas o sangue não saía.A esposa escondeu a chavinha no bolso e correu para a cozinha. Quando lá chegou, seu vestido branco estava manchado de vermelho do bolso até a bainha pois a chave vertis lentamente lágrimas de sangue vermelho-escuro.- Rápido, rápido, dê-me um esfregão de crina - ordenou ela à cozinheira. Esfregou a cheva com vigor, mas nada conseguia deter seu sangramento. Da chave minúscula transpirava uma gota após a outra se sangue vermelho.Ela levou a chave para fora, tirou cinzas do fogão a lenha, cobriu a chave de cinzas e esfregou mais. Colocou-a no calor do fogo para cauterizá-la. Pôs teia de aranha nela para estancar o fluxo, mas nada conseguia deter as lágrimas de sangue.- Ai, o que vou fazer? - lamentou-se ela. - Já sei, vou guardar a chave. Vou colocála no guarda-roupa e fechar a porta. Isso é um pesadelo. Tudo vai dar certo. - E foi o que fez.O marido chegou de volta exatamente na manhã do dia seguinte e entrou no castelo já procurando pela esposa.- E então, como foram as coisas enquanto eu estive fora?
- Tudo bem, senhor.
- Como estão minhas dispensas? - trovejou o marido.
- Muito bem, senhor.
- E como estão meus depósitos de dinheiro? - rosnou ele.
- Os depósitos de dinheiro também estão bem, senhor.
- Então, tudo está certo, esposa?
- É, tudo está certo.
- Bem - sussurou ele - então é melhor devolver minhas chaves.
Com um relancear de olhos, ele percebeu a falta de uma chave.
- Onde está a menorzinha?
- Eu... eu a perdi. É, eu a perdi. Estava passeando a cavalo o chaveiro caiu e eu devo ter perdido uma chave.
- O que você fez com ela, mulher?
- Não... não me lembro.
- Não minta para mim! Diga-me o que fez com aquela chave!Ele tocou seu rosto como se fosse lhe fazer carinho, mas em vez disso a segurou pelos cabelos.- Sua traidora! - rosnou, jogando-a no chão. - Você entrou naquele quarto, não entrou?
Ele abriu o guarda-roupa com brutalidade e a pequena chave na prateleira de cima havia sangrado, machado de vermelho todos os belos vestidos de seda que estavam pendurados.- Chegou a sua vez, minha queria - berrou ele, arrastando-a pelo corredor e pelo porão adentro até pararem diante da terrível porta. O Barba-azul apenas olhou para a porta com seus olhos enfurecidos, e ela se abriu para ele. Ali jaziam os esqueletos de todas as suas esposas anteriores.- Vai ser agora!!! - rugiu ele, mas ela se agarrou ao batente da porta sem largar, implorando por clemência.- Por favor, permita que eu me acalme e me prepare para a morte. Conceda-me quinze minutos antes de me tirar a vida para que eu possa me reconciliar com Deus.
- Está bem - rosnou ele - Você tem seus quinze minutos, mas prepare-se.A esposa correu escada acima até seus aposentos e determinou que suas irmãs fossem para as muralhas do castelo. Ajoelhou-se para rezar, mas, em vez de rezar, gritou para as irmãs.- Irmãs, irmãs, vocês estão vendo a chegada dos nossos irmãos?
- Não vemos nada, nada na planície nua.A cada instante ela gritava para as muralhas.
- Irmãs, irmãs, estão vendo nossos irmãos chegando?
- Vemos um redemoinho, talvez um redemoinho de areia bem longe.Enquanto isso, o Barba-azul esbravejava para que sua esposa descesse até o porão para ser decapitada.
- Irmãs, irmãs! Estão vendo nossos irmãos chegando? - gritou ela mais uma vez.O Barba-azul berrou novamente pela esposa e veio subindo a escada de pedra com passos pesados.
- Estamos, estamos vendo nossos irmãos - exclamaram as irmãs. - Eles estão aqui e acabaram de entrar no castelo.O Barba-azul vinha pelo corredor na direção dos aposentos da esposa.
- Vim apanhá-la - gritou ele. Suas passadas eram pesadas; as pedras no piso se soltavam; a areia da argamassa caía esfarinhada no chão.No instante em que o Barba-azul entrou nos aposentos com as mãos esticadas para agarra-la, seus irmãos chegaram galopando pelo corredor do castelo ainda montados, entrando assim no quarto. Ali eles encurralaram o Barba-azul fazendo com que caísse até a balaustrada. E ali mesmo, com suas espadas, avançaram contra ele, golpeando e cortando. fustigando e retalhando, até derrubá-lo ao chão, matando-o afinal e deixando para os abutres o que sobrou dele. "
[de Clarisse Pinkola Estés, em Mulheres que Correm com os Lobos,
Ilustração: Gustave Doré]
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